domingo, 20 de maio de 2012

Política da Energia e Desenvolvimento Sustentável


     
             Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa

            Direito do Ambiente




“Política da Energia e Desenvolvimento Sustentável”




                                   Trabalho realizado por:

                                          Ana Maria Costa, nº 17148






Política da Energia na União Europeia

Mais uma vez, os aspectos relativos à segurança no abastecimento de energia voltam à primeira linha da política energética e realçam a crescente vulnerabilidade da Europa face ao abastecimento de energia primária. Já dois dos três tratados fundadores da actual União Europeia, assinados em Roma há 50 anos, acentuavam a sua ênfase na energia: CECA (carvão) e EURATOM (nuclear/electricidade).

Assim sendo, e um pouco à luz da leitura do que França e Reino Unido fazem da presente conjuntura energética, parece ter sido expresso, por parte dos Chefes de Estado da União Europeia, um desejo de revigorar a política europeia de energia, face aos novos e crescentes desafios com os quais são confrontados a Europa e o Mundo, principalmente no que concerne à segurança energética e à luta contra as alterações climáticas (Conselho Europeu de Hampton, Outubro de 2005).

No Conselho Europeu de 15 e 16 de Dezembro de 2005, insistiu-se particularmente na “importância de uma aproximação integrada para os objectivos em matéria de alteração climática, de energia e de competitividade”, dando principal incidência às estratégias de investimento nas energias duradouras e ao mesmo tempo dando importância aos objectivos da União Europeia que englobam a segurança energética, a competitividade, o emprego, a qualidade do ar e a redução das emissões de gases com efeito de estufa.

Os documentos propostos pela Comissão e pela Presidência do Conselho sobre a política energética europeia conduziram a diversos debates sobre estas questões estratégicas e pretende-se, em termos de acção efectiva, promover junto à União Europeia a adopção de medidas e de soluções que favoreçam a integração de sistemas energéticos mais seguros, mais duradouros e ao acesso de todos.

Com esta adopção de medidas, surgiriam várias consequências positivas: energia produzida, importada e consumida, necessária ao desenvolvimento económico-social seja custo-efectiva, isto é, que esteja disponível, que seja economicamente mais acessível, agora e no futuro; progredia-se no sentido de um uso duradouro da energia tendo em conta o impacto ambiental e o desperdício dos recursos fósseis; desenvolvia-se o emprego, partindo da promoção da eficiência energética, das energias renováveis e de outras tecnologias de fraca emissão de gases com efeito de estufa.

Segundo a Agência Internacional de Energia (doravante, AIE), o consumo mundial de energia deve ainda aumentar cerca de 60% até 2030, dos quais 2/3 deste aumento virão das economias emergentes e em desenvolvimento. Para que estas necessidades sejam satisfeitas, estima-se que seja exigido um investimento na ordem dos 16.000 milhões de dólares. Fazendo face a este cenário, para o ano 2030, espera-se que cerca de 85% deste acréscimo de energia consumida no mundo deverá ser ainda proveniente das três energias primárias – o petróleo, o gás e o carvão. Consequentemente, as emissões de gases com efeito de estufa deverão ainda sofrer um aumento, na ordem dos 60% em relação ao nível actual.

É com base no cenário atrás referido que a União Europeia e o Mundo terão de repensar as suas políticas, as estratégias e as medidas a adoptar no campo das energias alternativas e se passe urgentemente à acção quanto à redução das emissões de gases com efeito de estufa.

Assim sendo, a política energética europeia deve ter em conta, a nível internacional, dois elementos incontornáveis: sendo o primeiro, a crescente tensão a nível mundial entre a oferta e a procura de energias primárias, principalmente petróleo e gás natural, contextualizada num cenário de produção máxima de hidrocarbonetos (no horizonte 2025-2030) e o resultado do seu impacto sobre o preço da energia. Os principais factores estruturais a considerar pela União Europeia são: o aumento muito sensível do preço dos hidrocarbonetos; as economias emergentes e o aumento significativo do consumo de energias; a estagnação da produção de petróleo nos países da OCDE; facto de a OPEP deter 80% das reservas mundiais de petróleo; considerar que o sector dos transportes está dependente em 98% do petróleo; e, no caso do gás, a dependência crescente da Europa, de fontes exteriores durante os próximos vinte anos; e o segundo, ter em conta as alterações climáticas, as quais desde já sentimos o impacto, e os graves efeitos, num futuro próximo, que podem ser induzidos através das modificações do ciclo da água sobre as actividades económicas de base, tais como, a agricultura e a produção de energia.

Está na forma como produzimos, e sobretudo, como consumimos energia, a responsabilidade sobre 80% das emissões de gases com efeito de estufa. É também na forma como consumimos a energia, nos modos de produção e de consumo, que reside a problemática da luta contra a alteração climática. Tendo em conta que a procura mundial de energia tem um crescimento estável à razão de 2% por ano, podemos desde já constatar que temos pela frente um desafio enorme e que as medidas até agora tomadas não o têm acompanhado de forma a travar a sua escalada.~

Mesmo respeitando globalmente os seus objectivos no quadro do Protocolo de Quioto e tendo uma estratégia decidida quanto à luta contra as alterações climáticas, a União Europeia é, actualmente, responsável por 13% das emissões de gases com efeito de estufa a nível mundial.

Apesar de um melhoramento global da sua intensidade energética no decorrer dos últimos anos, a União Europeia, assistirá a um contínuo aumento da procura energética, ao mesmo tempo que assiste à diminuição da sua produção própria traduzindo-se, em termos relativos, num aumento da dependência externa em termos energéticos. A Comissão Europeia prevê no seu relatório de balanço sobre a segurança de abastecimento da União Europeia (em 2005): “70% da dependência energética em 2030 contra 50% hoje, o que se pagará, tanto mais que as fontes primárias desaparecem. Com as contrariedades ligadas às alterações climáticas, é urgente debruçarmo-nos sobre a questão do abastecimento energético”.

Neste âmbito, enquanto a França propõe a necessidade de políticas integradas, a Inglaterra propõe uma energia para a Europa segura, acessível e sustentável. No entanto, é no equilíbrio entre os três objectivos de toda a política energética (segurança de abastecimento, tomada de consciência quanto ao impacto ambiental, e a competitividade) que se encontra o maior desafio da Europa.

De acordo com fontes da EU, a perspectiva é bastante optimista quanto aos resultados alcançados no combate às alterações climáticas. Segundo esta fonte, as emissões de gases poluentes têm diminuído graças ao impacto das medidas oriundas do Programa Europeu para as Alterações Climáticas, bem como, às acções nacionais dos Estados-membros e à reestruturação da indústria europeia, particularmente na Europa Central e do Leste.








Estratégia Nacional do Desenvolvimento Sustentável


A Resolução de Conselho de Ministros n.º 109/2007, de 20 de Agosto aprovou a Estratégia Nacional de Desenvolvimento Sustentável (de agora em diante, ENDS 2015) e o respectivo Plano de Implementação. Foi ainda nessa Resolução que se criou também uma equipa de coordenação operacional da implementação da estratégia, cuja missão era a de “elaborar relatórios semestrais de execução, sob supervisão do Coordenador Nacional da Estratégia de Lisboa e do Plano Tecnológico e tendo por suporte a rede de pontos focais que apoiam esse processo de coordenação”.

Ao ser elaborada, a ENDS 2015 previa a integração e projecção no horizonte de 2015 dos vários instrumentos de planeamento estratégico do Governo, com atenção particular ao Programa Nacional de Reformas, ao Plano Tecnológico, ao Programa Nacional da Política de Ordenamento do Território e às estratégias e medidas sectoriais que os integram. Temos ainda o Quadro Estratégico de Referência Nacional (QREN 2007/2013), a prossecução deste grande desígnio estratégico, é indispensável para assegurar a superação dos mais significativos constrangimentos à consolidação de uma dinâmica sustentada no processo de desenvolvimento económico, social e territorial de Portugal. Esta prossecução é assegurada pela concretização, com o apoio dos Fundos Estruturais e do Fundo de Coesão, por todos os Programas Operacionais, no período 2007-2013, de três grandes Agendas Operacionais Temáticas (Agenda Operacional para o Potencial Humano, Agenda Operacional para os Factores de Competitividade e a Agenda Operacional para a Valorização do Território).

As alterações climáticas e energia, na avaliação da sustentabilidade mereceram o empenho do Governo no controlo das emissões de CO2, foi dada importância crucial à política energética como força motriz do crescimento económico, da protecção ambiental e da sustentabilidade. Salienta-se ainda que foi estabelecida uma limitação no crescimento das emissões de Gases com Efeito de Estufa (GEE) para Portugal no período de 2008 a 2012 de 27% relativamente a 1990, enquadrando-se o tema das alterações climáticas no âmbito nacional e internacional (Protocolo de Quioto e respectivo acordo de partilha de responsabilidades na EU). A estratégia de Portugal para o cumprimento da meta de Quioto baseia-se essencialmente em três pilares: Programa Nacional de Alterações Climáticas; Plano Nacional de Atribuição de Licenças de Emissão; e Fundo Português de Carbono.

Em termos de energias renováveis, Portugal estabeleceu objectivos muito ambiciosos relativamente aos outros membros da EU, pretendendo apostar fortemente nos seguintes sectores:
Energia Eólica – lançamento, em 2007, de um concurso em 2 fases, para atribuição até 1 800 MW de capacidade instalada, com a criação de um “cluster” industrial, promovendo o desenvolvimento regional a nível económico, social e tecnológico;
• Energia Hídrica – antecipação, no curto-prazo, dos investimentos de reforço de potência em infra-estruturas existentes (Picote, Bemposta e Alqueva);
• Biomassa florestal - criação de uma rede descentralizada de cerca de 15 centrais de biomassa florestal com o objectivo de aumentar a capacidade instalada, promover os recursos e potencial florestal nas regiões, contribuindo igualmente para a redução dos riscos de incêndios.
• Biogás - definir objectivos e um plano de acção estabelecendo um aumento de potência instalada em unidades de tratamento anaeróbio de resíduos.






Em conclusão
Penso que é óbvio para todos que tem de se começar a pensar e tomar atitudes em relação a estes problemas, pois todos estamos a ser afectados e seremos cada vez mais.

Parte da solução para o problema apresentado pode ser encontrada nas Fontes de Energia Renováveis e outras energias alternativas. Mas só isto não é suficiente. Há que tomar medidas e traçar objectivos concretos para os Estados-membros (no caso da União Europeia) e monitorizar e fiscalizar as actividades de cada um e sancionar aqueles que não cumprem as metas estabelecidas.

Há ainda outros aspectos que não podem ser descurados pela Europa, como sejam: a segurança do abastecimento das energias, a tomada de consciência quanto ao impacto ambiental e a competitividade. E é na manutenção do equilíbrio entre estes três objectivos de toda a política que se encontra o maior desafio da Europa.

No caso de Portugal, as metas pelo Governo estabelecidas, no que toca às políticas da energia, são extremamente ambiciosas, apesar de não serem de todo impossíveis. Portugal, principalmente devido à sua localização estratégica, poderá ter um papel preponderante a para a Europa, não só no campo das Energias Renováveis como ainda no plano de mediação em termos das necessidades e dependência futura que a Europa irá ter relativamente ao abastecimento de energia primárias, como é o caso do gás. No plano das Energias renováveis, Portugal poderá assumir uma posição de liderança no que respeita não só a produção de energia como ainda no desenvolvimento e produção de tecnologia de vanguarda (ex. Energia da Ondas, Energia Eólica e Energia Solar). Quanto ao papel de mediação no abastecimento de gás para o resto da Europa, Portugal poderá vir a ser essa ponte entre África e a Europa.




Sem comentários:

Enviar um comentário